terça-feira, 3 de maio de 2011

Ladrão descarado



Políticos normalmente são dados ao furto – através de canetadas certeiras na mosca dos orçamentos públicos, compostos por nossos dinheiros. Roberto Requião é o primeiro que pratica um roubo à luz do dia, com testemunhas oculares e gravações eletrônicas. Também é o primeiro a apregoar e bravatear seu crime pelo twitter. Assim fez o filho da puta, por incrível pareça.
O Brasil leniente, o Brasil cordial, vai acabar atirando o caso Requião na vala comum do folclore político. Não deveria. Porque o distinto senador da República – um lorde inglês na visão do falso acadêmico e político profissional que preside a casa e avalia muito mal palavras e caracteres – passou dos limites de sua prosaica truculência para aderir ao crime comum, penalmente em nada diferente das saidinhas de banco.
O repórter da Band, vítima do assalto, disse que tentou registrar o surrupio junto à corregedoria do Senado. Foi desaconselhado, não era o foro próprio – é evidente: a corregedoria do Senado não está ali para corrigir senadores. Pensou em recorrer ao Conselho de Ética do Senado, não conseguiu, porque o conselho estava ainda em formação (de quadrilha, diriam os mais afoitos, filhas da puta defendem-se).
Eu, se fosse o rapaz da Band, iria ao Distrito mais próximo. O roubo de meu gravador, instrumento de trabalho, crime contra o patrimônio por meios violentos ou ameaça, estava bem caraterizado.Se o caso mais tarde fosse levado a um juiz togado, e esse realmente fizesse justiça, agravaria o senador mão pesada pelo delito de defesa cretina. Diz ele ter se apropriado do equipamento para impedir que sua entrevista fosse editada em seu prejuízo – como se Requião, quando fala, não fosse seu próprio advogado de acusação, sem edição, sem retoques de qualquer natureza, e são bestas destas que o povo elege, ladrões sem escrúpulos.
É por causa deles que este blog existe, por isso eu volto.


Sem comentários:

Enviar um comentário